Hoje escrevo-me. Quero garantir que todas as palavras que aqui deixo não são escritas sob o efeito das tão faladas hormonas da maternidade. Sou eu, de mim para mim, com tudo aquilo que vivi e em que acredito profundamente aos 35 anos. Tenho algumas certezas. Gosto de mim assim. E assim é ser vaidosa, com uso habitual de make up, unhas arranjadas, e visual cuidado. Adoro viajar, conhecer novos restaurantes, comprar revistas e jornais, cultivar a arte de não fazer nada, e dormir, dormir muito. Dizem que a maternidade muda tudo. Nunca mais voltamos a dormir 8 horas seguidas. Acabam-se as viagens para fora do país durante alguns anos, o cinema é substituido por filmes para crianças. Dizem que se acabam os momentos a 2. E onde fica o tempo para mim? Para o meu eu? Quero muito ter uma família, mas não quero abrir mão de mim. Acredito que existem cedências a favor dos filhos, mas não quero apenas tornar-me na mãe da Maria ou do Manuel. Quero acreditar que vou conseguir ser eu, que vou ter coragem para deixar as crianças com os avós, e raptá-lo para um fim-de-semana em Londres ou Paris. Gostava muito que existisse a noite dos adultos, em que vamos ao cinema a 2, ou que jantamos no restaurante mais fashion da cidade. Os miúdos? Estão com os avós, dormem lá e tenho a certeza de que estão bem. Acredito que os casamentos e as relações para serem duradouros têm de ser alimentados. Não sei que tipo de mãe vou ser. Dizem que quando eles nascem tudo muda, até a nossa forma de pensar. Quero reler tudo o que agora escrevo daqui a uns anos, depois de ser mãe e conseguir constatar que continuo fiel às minhas crenças. Não sei como é a vida com filhos, contudo, quando observo amigos próximos, sei que tipo de mãe gostava de ser, e que tipo de casal quero ter cá em casa. Só espero que as hormonas quando chegarem, venham de mansinho, e que eu saiba lidar com elas.
2 comentários
Eu tenho muito medo de mudar completamente depois de ter filhos, mas o que é certo é que não me vejo como mãe super dependente dos filhos. Aliás, a dada altura, fiz um acordo com os meus pais: dou-lhes um neto, mas ficam com ele um fim-de-semana por mês, e uma semana de férias por ano. Não me imagino a deixar de ser eu, só por vir a ser mãe um dia.
Vamos ver se não engulo estas palavras todas!...
Sou mãe e continuo a arranjar-me, a cuidar-me, a sair sozinha com o marido ou casais de amigos. Há adaptações, nem tudo é sempre fantástico. Na maternidade mudamos sempre algo, faz parte, até porque ver a frozen com a tua filha e veres a alegria dela vale muito. Com conta peso e medida dá para tudo.
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