Tenho o blogue há 10 anos. E se há coisa que ter um diário online nos permite é recuar no tempo. Tinha 25 anos, outra profissão, morava noutra casa, os sonhos eram outros. Nunca fui muito de planear ao detalhe. A minha vida tem sido um conjunto de felizes acasos. Foram algumas as decisões de mudança de caminho, com uma boa dose de deixar partir o que não faz sentido. Mas acima de tudo tenho construido a minha sorte. Sim, faço-me à vida e não espero que a vida me caia no colo. É que isto de ter sorte dá muito trabalho. Sonhava ser médica, quis a vida que me tornasse enfermeira. Fui enfermeira 6 anos. Decidi fazer o curso de jornalismo, quis a vida que me tornasse comercial numa multinacional farmacêutica, e já passaram mais 7 anos. Sonhei casar e ter filhos, quis a vida que este ano a primeira parte do sonho fosse realidade. Na minha vida o espaço para o improviso tem sido grande. Procuro sempre aquilo que me faz mais feliz, e nem sempre o caminho tem sido o mais óbvio. Acima de tudo tenho sido fiel a mim própria. Nunca fui muito de ir atrás da maioria. Não consigo viver com a sensação que o meu tempo ali terminou. Quando isso acontece canalizo toda a minha energia no verbo mudar. Quis a vida que o caminho tenha sido percorrido até aqui ao lado de pessoas boas. Acredito que comportamento gera comportamento. Tenho sido boa para com as pessoas que se cruzaram comigo. Esforço-me a cada dia para abrir mão de quem não acrescenta valor àquilo que sou. Com 35 anos tenho a serenidade que me faltava aos 25. Não tenho pressa. Vivo com a sabedoria de quem já ajustou e refez planos. Às vezes a vida troca-nos as voltas e só posso agradecer por isso. A cada salto de fé, a cada vez que saí da zona de conforto, obriguei-me a crescer sem dar conta. Não sei como vão ser os próximos 10 anos, mas tenho a certeza de que estou preparada para os viver.
1 comentário
Lindo!! Adorei este texto
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