Quando alguém importante desaparece da nossa vida fica um vazio sem tamanho.E dia após dia tentamos que a ferida cicatrize mas esta teima em sangrar à mínima recordação. Tudo nos faz lembrar. Foram os sítios onde fomos, as fotografias, os filmes, até o cheiro que teimamos em não esquecer. E a dor de uma separação, quem não a conhece que atire a primeira pedra, causa uma terrível angústia. Uma dor que teima em doer mesmo depois de uma boa noite de sono. Dou por mim a conduzir, e as lágrimas caem aos pares ao som de algumas das nossas músicas. E quando todos dizem que já chega de lamento, que é preciso mudar de página, basta uma recordação para que a frágil segurança em que vivo se desmorone. Sim, assumo a fragilidade de quem ainda ama. Desconfio dos fortes, dos que saem impunes. Ninguém sai de uma relação sem marcas. Ou então não se entregou a alma, apenas e só o corpo. E eu prefiro a audácia dos que amam sem reservas, dos que nada têm na manga. Gosto do amor tal como ele é, pleno, intenso, arrebatador, sem truques, sem jogos, com cedências e sacrifícios, com mimos e surpresas. Só acredito neste tipo de amor.Porque tudo o resto perto de um grande amor é muito pouco.
6 comentários
eu estou tal e igual e não passa...
dói , tira noites de sono, as perguntas não saem da cabeça e já passou a algum tempo, todos me dizem que tenho de superar, esquecer, viver.. mas sinto-me vazia, que me falta algo...
Por isso, eu entendo...
Também já passei por isso e te digo: dói bastante, mas o tempo e a vontade de ir adiante ajuda a superar. Te deixo um poema de Carlos Drummond de Andrade
"Amar
Que pode uma criatura senão,
senão entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso
sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita."
Paris te espera!!!!
Muito obrigada pelo poema, é lindo!
Compreendo essa sensação muito bem...
Amar dói mesmo... Espero que as feridas cicatrizem rapidamente...Bjinho
E eu adoro (MESMO) o que escreves e identifico-me com cada palavra. Lindo: "Gosto do amor tal como ele é, pleno, intenso, arrebatador, sem truques, sem jogos, com cedências e sacrifícios, com mimos e surpresas. Só acredito neste tipo de amor.Porque tudo o resto perto de um grande amor é muito pouco.". Parabéns, Vanity. Mesmo.
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