Feira de Vaidades

Já correram rios de tinta acerca da geração mileurista, ou seja, jovens licenciados, muitos pós-graduados e outros tantos mestres, que ganham muito abaixo das suas qualificações. Basicamente 1000 euros. E hoje ao ler um post da Pipoca decidi opinar sobre o assunto. Que é como quem diz mandar uns "bitates". Pois eu também pertenço a essa geração. Ganho um pouco mais que os ditos mil euros, sou licenciada e estou a terminar uma segunda licenciatura. Acho pornográfico os ordenados dos nossos gestores de topo, ministros e afins. Não pretendo deixar o país, ainda que em Inglaterra na minha àrea profissional estejam a oferecer condições aliciantes. Faz-me falta o sol, o mar, a comida, e Lisboa, essa luz que só existe em Lisboa. Mas incomoda que por vezes os sonhos passem ao lado por causa dos ditos euros. Gostava de ser jornalista, daí a segunda licenciatura, mas não posso voltar a ganhar 700 euros, que é o que pagam a quem está a começar. E provavelmente acabarei num departamento de comunicação de uma qualquer empresa, porque preciso de conforto, tenho uma casa para pagar, quero viajar, adoro jantar fora, e isso não se faz com 700 euros por mês. Atirem-me pedras, chamem nomes, sim sou materialista q.b., mas ainda existem coisas que só o dinheiro compra. Às vezes sinto-me penalizada pela profissão que tenho (enfermeira). Tenho amigos pouco mais velhos que fizeram Medicina e têm vidas completamente diferentes. Não são mais empenhados, mais inteligentes, melhores profissionais que eu. Simplesmente escolheram uma profissão diferente. Que na prática representa mais euros ao fim do mês. Os apartamentos de luxo estão sempre vendidos, os bons restaurantes sempre cheios, logo a crise é só para alguns. Existem pessoas que vivem realmente bem, com acesso a luxos que não nos passa pela cabeça. Não estou a dizer com isto que quero uma vivenda no restelo e um porshe cayenne (ainda que isso me fascine). Mas se ganhasse 2000 euros, talvez fosse mais justo face à minha profissão.